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Mais de 14 milhões de pessoas convivem com a fome no Brasil. Em um contexto global, 900 milhões são atingidas pelo mesmo problema nos países em desenvolvimento. A importância de ações que possam prevenir a subnutrição materna e infantil, minimizando os problemas sociais, foi o tema do III Encontro de Bancos de Alimentos, que ocorreu no Centro de Convenções da FIERGS. O evento reuniu representantes de diversas unidades do Banco de Alimentos de todo o Estado, além de lideranças empresariais e políticas, estudantes universitários, profissionais de serviço social e empresas parceiras.
O projeto, que nasceu no Rio Grande do Sul e aos poucos começa a ganhar o território nacional, é iniciativa empresarial pioneira que privilegia o trabalho social. O diretor do Centro das Indústrias do Estado (CIERGS), Carlos Batista da Silva, abriu a solenidade, representando o presidente da FIERGS, Paulo Tigre. "O Banco de Alimentos é um exemplo de sucesso. Muitos Estados estão interessados em nosso modelo de gestão. Espero que esse encontro sirva para alimentar nossas mentes e corações", disse. O presidente do Banco de Alimentos do RS, Paulo Renê Bernhard, apresentou a palestra "Uma Ação Empresarial pela Cidadania".
A nutricionista Bruna Pontin, na conferência Origem Fetal das Doenças Crônico Degenerativa do Adulto, mostrou, através de estudos, que a origem de problemas de saúde apresentados em idade avançada podem ter origem ainda durante a gestação. "O primeiro período crítico de exposições negativas é a fase uterina. Mães subnutridas podem gerar crianças com baixo peso ao nascer, e essas estarão mais propensas aos problemas cardíacos, obesidade e diabetes. Esses bebês permanecerão biologicamente diferentes ao longo da vida", afirmou Bruna.
O suporte nutricional do Banco de Alimentos vem da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos) e da área de nutrição interna. Denise Zaffari, coordenadora do projeto, disse que já foram avaliadas mais de quatro mil crianças, ensinando a importância de uma alimentação correta, trabalho também direcionado aos pais. Adriana Lockmann, nutricionista que supervisiona a captação e distribuição das doações do Banco de Alimentos, salienta a importância do trabalho educativo também com as empresas parceiras. "Não trabalhamos com o preparo, mas sim com o recebimento de alimentos não perecíveis e também frutas, legumes e verduras. Toda a logística é realizada dentro da legislação e das normas impostas pela Vigilância Sanitária".
Refeições prontas também são captadas e distribuídas para entidades carentes. Hermes Gazzola, presidente da rede de restaurantes empresariais Puras do Brasil S/A, e presidente do Banco de Refeições Coletivas, discursou sobre as dificuldades encontradas em captar o produto já pronto. O excedente da produção passa por uma pesagem, tratamento e controle térmico. A seguir, é acondicionado em recipientes isotérmicos para o transporte até as entidades beneficiadas. "As imposições da lei acabam impedindo que mais restaurantes façam doações. Pela lei da Anvisa, a produção realizada em um turno não pode ser consumida em outro. Em todo o Brasil, são mais de 5 mil cozinhas que colocam fora e não fazem doação", explicou. Também relatou que mais de 20% da população mundial passa por estado de fome. Na América Latina, entre 2005 e 2007, o aumento de pessoas subnutridas foi de 6 milhões. Hermes destacou que uma das principais causas é o aumento do preço dos alimentos, o que deve se agravar com a crise financeira internacional.
O evento apresentou, ainda, o resultado do projeto Clique Alimentos. A ação é praticada pela Internet, onde o usuário doa um quilo de alimento para cada clique efetuado, a ser pago por uma das empresas parceiras. Desde que foi ao ar, em 11 de setembro, o site já contabilizou mais de 13 mil cliques, para cidades de todo o Brasil e também do exterior.